Vigésimo oitavo conto: Meio
embasbacado!
O homem
tava ali, parado como uma árvore, com uns olhos esbugalhados que parecia que
iam saltar para fora, olhar fixo, nem as pálpebras nem sequer via-se movimento
nas pupilas, que estavam fixas como pedra. Até me abismei um pouco sabe? É...
essas coisas assustam um pouco a gente, ver este tipo de louco assim por aí,
até parece que esta gente não têm miolo, não pensa direito, e... deixa eles
assim por aí pode até ser que não seja nada, mas eu quando vi fiquei pasmo,
realmente pasmo. Nunca tinha visto um desses assim. As pestanas começavam a
demonstrar expressão, não de pânico pois o susto era meu e não dele, mas sim de
uma ternura de doido, pois ele não tinha lá motivos para tal, nem tinha ninguém
na frente dele. É, mas sabe que o Lucas
falou que este daí já fazia tempo que tava tendo estas manias, até a tia
dele certo dia reclamou e jogou umas e outras blasfemas, e ele? Não... Não
ouviu nada. Todos aí dizer que não ouve direito, quer dizer, quando ele ta
desse jeito e aí de doido, até assusta, e quem não conhece passa longe.
Me
pergunto se é possível. Quarta dimensão! Penetrar no mistério Divino, um mundo
oculto onde estão todos aqueles que daqui já se foram, e ou ficam a perambular
por perto ou vão à sendas mais distantes e desconhecidas todavia. Me pergunto
se é possível e difícil é satisfazer meu senso crítico, não me basta explicar
isto ou aquilo, elucidar e mostrar-me muitos livros e complexas teorias, eu,
como um ser humano qualquer, como qualquer pessoa com um mínimo de senso real:
Quero ver! Sentir, cheirar, pisas, voar, entremear-se neste mundo que dizer ser
o espiritual. Aí então estarei feliz! Não entendo como até os seguidores das
mais diversas crenças, muitas vezes se satisfazem com pouco, saciam-se numa
crença cega, com razão mas sem a experiência empírica.
Este é o
grande mistério do entendimento cabal: O sentir, ver e vivenciar no sentido
real desta palavra não somente as verdades éticas e morais, como também a
experiência transcendental, ultrapassar os conceitos deste mundo, ver e ouvir
espíritos já mortos, isto é que me satisfaria, e até hoje não me sinto
completamente satisfeito por causa deste tormento nevrálgico que não foi
solucionado. Se preciso correrei até o pico das mais altas montanhas, sangrarei
e sofrerei, mas solucionarei esta dúvida tormentosa, desagradável e essêncial
antes de morrer.
Ali tava
ele outro dia! Fiquei até um tempo para ver se ele ia se mexer da cadeira e
nada, o homem ficava estático, estagnado, até parecia que tinha morrido. O
Lucas falou que era assim mesmo que ele fazia, eu assustei, o sangue até gelou
quando imaginei que ele devia tar passando mal ou coisa parecida, mas não,
depois de uma hora ele se levantou com um sorriso de invejar, sabe quando cê
percebe a sinceridade no coração, foi
assim mesmo, é. E depois eu até perguntei se ele tava bem, e cêis sabe o que
ele disse? Que melhor impossível!
Na vida
a maior preocupação deve ser a morte! Evidente, tão óbvio que os que fogem a
isto são uns patetas, ou mesmo bem ignorantes. O fato é que fogem por medo de
enfrentar as questões mais importantes da vida. Meditar é entrar em contato com
a quarta dimensão, faz certo tempo que percebi isto, assim que julgo estar no
caminho certo, segundo minhas pretensões, pois meus fundamentos não são
meramente teóricos mas sim também sensíveis. Porque na bíblia vemos tantos
milagres, tantas visões, tantas luzes misteriosas e sagradas? Porque é uma
verdade possível! Não são linguagens metafóricas, são verdades que há muito
tempo foram olvidadas pela humanidade, passamos a não saber interpretar a
bíblia corretamente, e o mais importante não vivencia-la assim como ela está
escrita. Ver luzes é ver luzes, escutar anjos é escutar anjos e disto vou
correr atrás, nem que minhas pernas desfaleçam.
Pois
então é este o grande mistério espiritual: correr dentro do caminho de
solucionar as questões, pois dizer que no momento da morte tudo será descoberto
é muito simplista, aí será tarde de mais, deve-se solucionar o enigma antes,
pois se não saber qual é a verdade da vida viverás conforme o quê?
É agora
eu até posso entendê. Mesmo assim, tô meio embasbacado sabe?
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