NONO CONTO: O desconhecido que não vemos existe.
Corria pela
noite adentro, estava muito nublado e nada conseguia ver. Tudo era negro e
estranho, não tive a oportunidade de ver o que ocorria com meu corpo. Eu estava
sendo influenciado por forças estranhas, forças estas que nunca vira antes. Não
fiquei com medo, apenas achei tudo muito diferente. A rua estava vazia e eu
corria como um desesperado. Aqueles sons estranhos transformaram-se em música,
agora me sentia bem com aqueles sons, parecia que eles gostavam de fazer estas
coisas para min. O susto havia passado, meu corpo suava bastante, no céu
milhares de estrelas me diziam boa noite, havia porém uma grande diferença, que
era uma luz vermelha muito forte, não tive medo, apenas parei e fiquei olhando:
eram extraterrestres, e algo queriam de min. Nada pude fazer senão olhar para
cima extremamente assustado, não podia mais voltar para minha casa, pois havia
muito tempo que já estava correndo daquela maneira tão rápida.
O brilho
vermelho que encontrava-se no céu transformou-se em uma luz de cor penetrante,
era um amarelo fosforescente, e o disco, que não girava, pousou com
grandiosidade em um gramado queimando tudo o que estava à uns 5 metros de
distância. Tentei correr de volta apavorado, mas uma força misteriosa que
parecia comandar minha mente não me permitia fazer isto. Minha mente estava
muito confusa, pois de momentos graciosos e harmoniosos eu passava a Ter
pensamentos macabros e atormentados. Desfaleci em um desmaio gélido, nada mais
pude ver ou ouvir, tudo era negro e vazio.
Abri os olhos
quando senti muita dor nas costas, lembrei-me de todas as ocorrências
anteriores, muito assustado com as lembranças levantei-me de súbito e vi que me
encontrava em uma caverna muito gelada, era uma caverna que estranhamente
ficava iluminada, Não haviam lâmpadas ou dispositivos que pudessem emitir luz,
fiquei assustado com isso, comecei a andar seguindo uma sinuosa trilha através
da caverna, era uma caverna comum, porém haviam momentos em que eu ficava em
situações extremamente apertadas, passando por estreitos túneis naturais. Num
determinado momento as paredes da cavernas começaram a abrir-se para os lados e
para cima de modo que me encontrei em um amplo salão, este salão começou a
ficar cada vez mais amplo de modo que quase não via mais as paredes laterais
tampouco o teto, por incrível que pareça tudo ainda era muito claro, esta
misteriosa luz continuava a envolver todo o ambiente, sons estranhos começaram
a entrar por meus ouvidos, porém não sabia se estes sons entravam diretamente em
minha mente ou se eu realmente estava ouvindo-os, poderiam ser uma espécie de
alucinação. Fiquei com medo e comecei a correr como um fugitivo, de encontro a
alguma saída. Aquele ambiente parecia não Ter fim, meu corpo já não suportava
tanta atividade física. A quanto tempo estaria eu a correr? Onde estaria? Seria
tudo isto um sonho? Não, me respondia enquanto aquela música mística
envolvia-me, não pode ser sonho, pois sinto que meus pés doem como não poderia
ocorrer em um sonho.
Corri muito,
talvez durante uma hora, até que me deparei com um lago de proporções
gigantescas, sua água era totalmente transparente de modo que eu consegui
visualizar o fundo com clareza, era um fundo estranho, exatamente como o chão,
de cor cinza, com algumas pedras, entrei alguns passos na água e percebi que a
única solução seria nadar através destas águas geladas, as primeiras braçadas
foram difíceis até que me acostumasse com a temperatura da água e com os
movimentos cadenciados de meus braços e minhas pernas, tudo era muito novo para
min, era completamente sensacional e ao mesmo tempo pavoroso nadar naquele
lago, pois estranho era o fato de que mesmo nadando eu conseguia ouvir uma
música a qual nunca houvera visto outra igual, era evidente que ela era
direcionada diretamente à minha mente, nadei com relativa tranqüilidade, porém
não consigo saber exatamente quantos quilômetros de água foram nadados. É fato
relevante o susto que tomei quando vi que o fundo daquele imenso lago não podia
ser mais visto, somente via uma espécie de energia vermelha que se encontrava
nas profundezas, tive muito medo desta energia, era muito estranha, os sons não
me deixavam concentrar na visão, derrepente desta energia saíram muitos pontos
luminosos da mesma cor, estes vieram em grupos emergindo até encontrarem meu
corpo, e nele se instalaram de modo que eu comecei a ficar com uma luminosidade
vermelha.
Aquilo parecia
dar-me mais ânimo para nadar, nadei muito até chegar à outra margem, vendo
antes disto abaixo das águas límpidas daquele lugar uma espécie de imenso
dragão aquático, sem saber o motivo me mantive tranqüilo, ele nadava pelas
profundezas do lago. Ao chegar continuei minha vertiginosa corrida até não
suportar mais, houve um momento em que pensei que minhas pernas iriam
arrebentar, parecia que eu estava em estado de êxtase mental, pois a vontade
deveria ser maior que minhas próprias capacidades físicas. O limite parecia
estar muito próximo, difícil seria tentar descrever esta sensação por palavras,
quantos quilômetros haveria corrido naquele lugar vazio e feio? Talvez quarenta
ou cinqüenta. De súbito vi que algo encontrava-se a frente, parecia ser
milhares de pontos brancos, certamente seriam estrelas, mas de quê modo se
encontravam-se em minha frente e não no céu, corri neste momento muito mais
rápido do que me julgava capaz, cheguei ao final e me deparei com um imenso
vitral que mostrava do outro lado um universo inteiro, realmente eu merecia
aquela visão depois de tanto esforço. Pareceu que todas aquelas estrelas,
aquela música e a corrida eram uma coisa só. Não me contive e comecei a chorar
muitíssimo. Era um sentimento muito forte aquele que se apoderava de min
naquele momento, não sabia exatamente onde estava, mas aquilo naquele exato
momento já não me importava mais, o importante era que eu havia extrapolado os
limites humanos da capacidade física e com grande esplendor a repercussão foi a
de uma explosão de energia sentimental.
Me ajoelhei no
chão rochoso e contemplei a beleza do universo, olhei para as palmas de minhas
mãos e elas estavam vermelhas com a energia que havia penetrado do fundo do
lago, para dizer a verdade meu corpo todo estava vermelho. Tudo parecia uma
grande loucura, quando se aproximou de min um homem de aparência branda,
cabelos brancos e curtos e me disse algo em língua que não consegui entender.
Colocou a mão em minha cabeça e desmaiei sem saber o por quê, tudo era negro e
vazio, acordei no meio de uma rua, já era dia e os carros quase me atropelavam,
levantei totalmente entorpecido por algo que não sabia definir, aos poucos me
recordei do sonho, mas não tinha tanta certeza de que havia tudo isto sido um
sonho já que minhas pernas e braços doíam muito, e na realidade quê fazia eu no
meio da rua dormindo àquela hora do dia?
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