SÉTIMO CONTO: Seres fantásticos que com sorte nascem.
Antes que
tudo surgisse, havia no universo uma só energia, que ao contrário do que muitos
pensavam se tratava de um grande quadrado, de perfeitos lados, que era colocado
no centro do nada ( se é que o nada pode ter um centro ), em sua constituição
lados simétricos, de tão simétricos confundiam-se entre si, e se alguém pudesse
neste momento vê-lo confundiria certamente os lados de tão simétrico que eram,
aliás, a palavra simétrico apareceu tantas vezes neste texto que deveríamos
dizer definitivamente que era um quadrado perfeito. Sem querer ser impertinente
vamos à segunda fase que constitui exatamente na transformação que ocorreu
posteriormente, pois este quadrado tornou-se cada vez maior chegando a ocupar
em determinado momento quase todo o universo, que neste momento constituía de
todo um vazio, e somente não ocupou todo o espaço do universo porque este era
nesta época, como o é todavia, infinito. Para que não fiquem estagnadas dúvidas
aqui deve-se explicar porquê fora utilizado anteriormente o termo “quase” já
que como trata-se de um espaço infinito nunca pode-se quase ocupa-lo. O fato
real, devo confessá-lo, é que errei utilizando este termo. Justamente com o
intuito de querer parecer engraçado como muitas pessoas fazem atualmente.
Passado este crasso erro prosseguiremos este complexo e matemático processo que
aconteceu a muitos anos atrás, tantos anos que não se contam nos dedos das duas
mãos somados com os dos dois pés de toda a população da lua, que atualmente é
de zero indivíduos. Muitas coisas fogem à compreensão dos seres humanos, tal
como outras muitas fogem à compreensão dos cachorros, gatos e ratos. Porém
explicar-lhes-ei mediante meu vasto conhecimento o que ocorreu na próxima fase
do desenvolvimento do universo, pois após este gigante quadrado haver engordado
de tamanho, de um de seus lados abriu-se uma gigantesca porta, tão grande que a
unidade de medida para fazer sua mensura não podia ser em hipótese alguma em
metros quadrados. Passa que naquela época não existiam unidades de medida, com isso
não fora executada a medida daquela porta, tampouco de suas dobradiças que além
de muito bonitas por seu estilo gótico eram verdadeiramente grandes. Fora
bastante engraçado, mas ninguém riu, do fato que esta porta tinha um fundo
falso, sendo este tão igual quanto os outros cinco lados do quadrado. Nada se
sabe sobre o motivo de que esta porta não tinha local de passagem, mas é real
que do fundo falso que detrás dela havia abriram-se bilhares de portinholas,
bem pequeninas das quais saíram muitos anões, com narizes compridos, em suas
respectivas naves individuais. Eram tantos anões que naquele momento ocorreu um
verdadeiro engarrafamento de naves espaciais, com isso todos ficavam
impacientes por estarem parados naquele transito. Algumas batidas e muitas
discussões reverberantes depois todos conseguiram chegar num consenso, fora
esta uma coisa bastante estranha, pois pela primeira e única vez na história do
universo um número considerável de seres conseguira Ter uma só opinião,
concordando uns com os outros sem grandes transtornos para o grupo. Devemos
levar em consideração que era uma leva de seres incomensuravelmente grande, a
decisão estava tomada, após as últimas conversações entre o grupo o veredicto
final era pousar as naves em um dos lados daquele quadrado, já que não havia
mais nada mais ( naquela época ) para ser explorado no universo. Neste momento
vejo que o leitor deste conto deve estar pensando que aqueles bilhares de anões
tinham grande vantagem em relação aos tempos de hoje quando fora dito que fora
fácil entrarem num comum acordo, já que esta era a única decisão a ser tomada,
mas não se precipite leitor, pois haviam outras como por exemplo continuar
discutindo, mesmo que inutilmente sobre o que fazer. Inusitadamente um dos
anões tropeçou num buraco que havia naquele lado do quadrado, e mesmo que não
possamos entender, sem que naquele local houvesse gravidade suficiente para
isto escorregou para dentro de um buraco negro, entende-se neste especifico
caso buraco negro por um buraco de cor preta plastificado, ou de material
parecido, de forma que aquilo parecia um escorregador gigante. Este primeiro
assustou-se muito com a ocorrência, os milhares de circunstantes que o viram
escorregar daquela forma, enquanto gritava desesperadamente com um pavor
indescritível já que aquilo nunca lhe ocorrera na vida, achando que ele se
deliciava e gritava de prazer pela queda e pelo frio na barriga que sentia
escorregaram igualmente no desconhecido equipamento. Pela primeira vez
criara-se um evento divertido no mundo, porém num desastre em massa os coitados
dos indivíduos acabaram se esmagando, ocorrendo neste momento muitas mortes. A
morte era até então desconhecida, acharam os outros que os que haviam
escorregado estavam dormindo e não mortos, e como ficaram com sono de tanta
monotonia que havia no recinto ( já que não existiam as estrelas para que
pudessem divagar em pensamentos longínquos ) ficando com sono pensaram que
escorregando iriam dormir, e decidiram escorregar em outros buracos que haviam
naquela superfície, tudo ocorria de maneira contínua até que todos os três
buracos foram preenchidos com anões dos mais variados tipos. Espertamente, um
dos anões, como era pouco mais inteligente que os outros percebeu ser aquilo um
gigantesco dado, e logo constatou que de alguma maneira deveria ser jogado,
sabia deste fato porque no momento em que saíra de dentro do dado naquelas
portinhola, ao invés de perder seu precioso ( assim o julgava ) tempo
discutindo sobre o que fazer, quis dormir, e sonhou que era um jogador de
dados, ganhava continuamente, perdendo apenas uma vez para um anão que mais
esperto que ele colocara um peso num dos lados do dado sem que ele estivesse
ciente. Raciocinou o máximo que pode naquele momento, tentando saber o que
fazer mediante aquela inusitada descoberta, e com uma incrível voz de comando
disse aos comparsas que deveriam saltar todos ao mesmo tempo para que o peso de
seus corpos pudessem atuar de forma significativa sobre o dado no qual estavam
pisando, para que lograssem o intento deveriam todos executar aquele salto na
mais perfeita harmonia, do contrario iriam apenas tremer a superfície do dado.
Porém querendo expor sua opinião um outro anão que estava por perto deste
último que fora citado ( julgado como gênio até então na história do universo )
disse que era possível que fizessem isto, mas que sem sombra de dúvida o dado
não iria cair em nenhum lugar, já que o universo naquela ocasião era uma
infinita vastidão de nada. O primeiro anão disse então que aceitava esta
hipótese, mas que era inútil ficarem esperando, e dava alguns subterfúgios
querendo explicar-se, tentando de certa forma ludibriar o outro, fora esta a
primeira vez que aquele grupo entrara numa discórdia, contanto a maioria optou
por fazer a tentativa, pois mesmo que não caísse o dado em nenhum lugar achavam
que não custava nada Ter boa vontade e fazer o que fora proposto. Os outros
estavam injuriados com o fato de terem que pular sem quaisquer motivos, porém
os anões que eram à favor do evento disseram que se todos pulassem estariam
trabalhando de forma considerável os músculos da perna, coxa e quadril
conseguindo com este argumento convence-los a pular. Assim ocorreu, porém o
pulo que deram fora interrompido por uma inesperada ausência da força de
gravidade que ocorria até aquele momento, ao invés de caírem subiram cada vez
mais até se distanciarem tanto do dado que fora possível ver apenas um pontinho
branco no horizonte, todos foram parar por um acaso num planeta que havia
noutro lado do universo, a verdade é que aquele dado não era a única massa
existente, haviam muitos planetas ao redor dele, porém não eram visíveis a olho
nu. Também muitos outros seres fantásticos saíram daquelas portinholas, e
coincidentemente tomavam as mesmas decisões que estes primeiros, ocorria-se-lhes
que recaíam em planetas diversos, tal foi o surgimento do universo segundo a
teoria do dado já nascer é uma sorte quando vê-se que cada ser têm uma
identidade, e que não é tão somente um corpo físico que nasce.
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