Vigésimo quarto conto:
Suspiro de desespero
Onde estão? Onde estão? Estou
desesperado, pois tenho dúvidas infindáveis, que me causam amarguras,
dissabores, infelicidade e desventuras. Oh! Quão enganosos são meus passos,
quão perdido estou. Quê será de min? Por este caminho vamos, o caminho das
possibilidades, nada é certo, a segurança é apenas uma sensação criada pela
mente humana. Haverá um dia, uma vontade que tenha um fundamento
verdadeiramente sólido? Uma pretensão totalmente justificável? Terá o ser
humano este privilégio? O privilégio da sabedoria...
Onde estão? Onde estão? Onde estão as
verdades de minha vida? Onde estão os motivos nos quais me agarrei com mãos que
de tanta força que fizeram entraram em espasmos violentos, minhas unhas
encravadas naquele solo que antes julgava fértil, de tão encravadas tão
profundamente naquela terra em que
acreditava haverem sementes das mais diversas criaram fissuras das quais muito
sangue escorreu, manchando minha vontade de um enfraquecimento descabido.
Não posso me conter, a verdade que busco
é muito maior que aquela que consigo encontrar. Por isto os tormentos da alma
são muitos, por isto me desespero. Pudesse eu encontrar aquela verdade, que
encontrando-a no momento de minha morte, num leito obscuro e distante de tudo
muito me alegraria, sim, em ir-me já tendo encontrado a verdade, de terminar o
que foi começado, não obstante é tão audaz minha imaginação que se antecipa à
realidade, à verdade. Assim que jamais comecei eu alguma coisa sequer, pois
tudo o que começo é infundado, por isto não o é. Qual é então? Qual é a única
verdade que nos faz viver senão a própria vontade? Nada existe de palpável na
natureza do mundo senão a vontade humana, o resto são ilusões criadas por
mentes ávidas de uma vida, que na verdade sempre foi infundamentada, sempre foi
lúdica. O mundo é lúdico! Tudo senão a vontade, esta coisa que vêm antes de
tudo, este princípio, é vã ilusão é criação da imaginação.
Onde está? Onde está? Onde está a
verdade à qual devo correr como uma
criança à mãe? Onde se incrusta a verdade da minha vida? Onde se localiza esta
suposição que ainda não existirá enquanto minha vontade não fazer andar o trem
da imaginação? Onde? Podereis vós responder?
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