Friday, November 1, 2024

24 - Suspiro de desespero

 

Vigésimo quarto conto:  Suspiro de desespero

 

       Onde estão? Onde estão? Estou desesperado, pois tenho dúvidas infindáveis, que me causam amarguras, dissabores, infelicidade e desventuras. Oh! Quão enganosos são meus passos, quão perdido estou. Quê será de min? Por este caminho vamos, o caminho das possibilidades, nada é certo, a segurança é apenas uma sensação criada pela mente humana. Haverá um dia, uma vontade que tenha um fundamento verdadeiramente sólido? Uma pretensão totalmente justificável? Terá o ser humano este privilégio? O privilégio da sabedoria...

      Onde estão? Onde estão? Onde estão as verdades de minha vida? Onde estão os motivos nos quais me agarrei com mãos que de tanta força que fizeram entraram em espasmos violentos, minhas unhas encravadas naquele solo que antes julgava fértil, de tão encravadas tão profundamente naquela terra  em que acreditava haverem sementes das mais diversas criaram fissuras das quais muito sangue escorreu, manchando minha vontade de um enfraquecimento descabido.

       Não posso me conter, a verdade que busco é muito maior que aquela que consigo encontrar. Por isto os tormentos da alma são muitos, por isto me desespero. Pudesse eu encontrar aquela verdade, que encontrando-a no momento de minha morte, num leito obscuro e distante de tudo muito me alegraria, sim, em ir-me já tendo encontrado a verdade, de terminar o que foi começado, não obstante é tão audaz minha imaginação que se antecipa à realidade, à verdade. Assim que jamais comecei eu alguma coisa sequer, pois tudo o que começo é infundado, por isto não o é. Qual é então? Qual é a única verdade que nos faz viver senão a própria vontade? Nada existe de palpável na natureza do mundo senão a vontade humana, o resto são ilusões criadas por mentes ávidas de uma vida, que na verdade sempre foi infundamentada, sempre foi lúdica. O mundo é lúdico! Tudo senão a vontade, esta coisa que vêm antes de tudo, este princípio, é vã ilusão é criação da imaginação.

      Onde está? Onde está? Onde está a verdade  à qual devo correr como uma criança à mãe? Onde se incrusta a verdade da minha vida? Onde se localiza esta suposição que ainda não existirá enquanto minha vontade não fazer andar o trem da imaginação? Onde? Podereis vós responder?

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